A pandemia e o princípio da incerteza: um novo recomeço
Todo problema ou obstáculo traz consigo um presente, um ganho, um quantum de energia, que se absorvermos daremos um salto quântico para uma consciência mais ampla, com maior vibração e energia.
A questão é, como absorver este quantum? Como enxergar e receber o presente que os obstáculos nos trazem? O primeiro passo é a aceitação do problema. Já está acontecendo, é um fato, não tem jeito. Rejeitar a situação, além de ser inútil e mais doloroso, nos fecha para receber o ganho que também nos veio endereçado junto com a crise. Através da abertura, do acolhimento, da autocompaixão e da compaixão por todos os seres, mantemos nossos corações abertos e certamente absorveremos este quantum de energia, para o salto quântico de consciência que ampliará nossa visão e nos trará novas possibilidades.
“Quando rezamos pedimos a Deus, quando meditamos escutamos a resposta.” O silêncio é um processo de cura, de livramento das construções limitadas nas quais gastamos nossa energia, sustentando-as dia após dia. Quando o limitado cessa o ilimitado surge, pois ele já está lá, sempre esteve, como o espaço aberto que acolhe todas as artificialidades que lá colocamos. No agora não há problemas, só existe o brilho e a amplidão do momento presente, nele não cabem as histórias que nossas identidades narram. É só energia, sem conceitualizações e muito menos rótulos.
Na física quântica falamos da energia do ponto zero. Isso quer dizer que mesmo que um sistema esteja no seu nível mais fundamental, sua energia não será nula, por mais estático e aparentemente inerte que o sistema esteja. Não existe espaço vazio no universo onde tenhamos energia nula. A energia do ponto zero é a mínima energia que um sistema pode ter, e essa energia será sempre diferente de zero! E na nossa vida podemos identifica-la como esse vazio luminoso, que acessamos com o silêncio. O silêncio não é um espaço “morto”, onde nada existe, muito pelo contrário, ele é um campo de infinitas possibilidades, de potencialidade pura.
Precisamos voltar a esse estado fundamental para que tomemos uma rota diferente
Vivemos um momento delicado e desafiador. Quem poderia imaginar? O “mundo parou”. Nossa sobrevivência falou mais alto, claro, pois em primeiro lugar precisamos estar vivos, para assim trilharmos o caminho que acreditamos ter como destino a nossa felicidade. Porém através desta busca criamos muita confusão. Eckhart Tolle, autor do livro “O Poder do Agora” chama nosso estilo de vida de insano… através de nossa desconexão com o todo, identificação com o ego, materialismo, agitação incessante, criando lixo e desequilibrando o ecossistema que vivemos. O planeta precisava respirar, e precisávamos parar. Somos parte de um todo que é mais forte logicamente, e por desconhecermos isso podemos criar as causas e condições para o sofrimento surgir, e assim com certeza é o que iremos vivenciar.
Trazendo mais um pouco da física quântica para o momento atual, o princípio da incerteza nos diz que quanto mais informação temos sobre a posição de uma partícula, menos sabemos sobre sua velocidade, e vice-versa. Há sempre uma incerteza em alguma das grandezas. Aqui podemos fazer uma analogia entre a fixação do pensamento (posição) e a fluidez (velocidade). Desta forma quanto mais fixado o pensamento, mais incerteza na fluidez, ou seja, perdemos a conexão com o todo. Por outro lado:
Quanto menos fixado o pensamento, o sentido de eu, sólido, mais certeira é a velocidade, a fluidez, com que nos conectamos ao universo.
Por isso a importância da abertura da mente e do coração. As infinitas possibilidades estão sempre presentes, mas precisamos estar abertos, conectados ao silêncio interior, pois o falatório mental nos confunde, obscurece a visão e bloqueia a intuição e a sincronicidade. Podemos não dar continuidade aos pensamentos, não responder a eles. Entrar num relaxamento de corpo e mente, e soltar… A vida sempre se reinventa, o campo de potencialidade pura é a tela por trás das pinturas e gravuras que tomam vida a partir de nossa imaginação. O universo é rico e generoso, e a natureza nos ensina a lição mais pura de compaixão e amor. Ela apenas dá, apenas oferece, alimento, cura, sombra, deleite, conexão com nosso estado maior de consciência. Somos apenas um pequeno planeta na periferia de uma imensa galáxia, dentre milhares que existem nestes múltiplos universos que habitamos através de nossos estados de ânimo e de vibração. Enfim, tudo vai passar, e com as bênçãos da incerteza, novos e mais felizes rumos haveremos de tomar.
Por Eliane Xavier