Física Quântica e felicidade genuína

Todos buscamos a felicidade. Podemos nos relacionar com nossa realidade de uma forma mais feliz. O que a ciência moderna pode contribuir com isso?

S.S. XIV Dalai Lama diz que todos os seres querem ser felizes e se afastar do sofrimento. Absolutamente todos os seres, desde o menor dos insetos até nós humanos, nos movemos no mundo sempre buscando nos afastar do que não gostamos e nos aproximar do que achamos favorável, do que nos traz felicidade.

Nos dias de hoje, com a velocidade da informação, nos é prometida uma felicidade imediata, um prazer instantâneo, que faz com que nossa busca se intensifique e fiquemos correndo ainda mais apressados atrás de nossos desejos de prazer e realizações.

É importante perceber que podemos nomear a felicidade de duas maneiras bem interessantes, a felicidade genuína e a felicidade condicionada. A segunda, como o próprio nome diz, é uma felicidade que surge condicionada a fatores externos, e por isso mesmo ela flutua, conforme esses fatores externos também flutuam. Desta forma não é um tipo de felicidade muito interessante, mas em geral é a que buscamos, pois é a que conhecemos, a que estamos habituados a perseguir. Não há absolutamente nada de errado em buscarmos as coisas que nos fazem felizes, mas algumas vezes colocamos nossa felicidade na dependência de coisas ou situações que são momentaneamente impossíveis de obtermos naquele momento, então qual a saída nestas situações?

Se nossa felicidade esta na dependência de algo externo que não pode ser alcançado no momento, e agora?

 Agora vamos tratar do outro tipo de felicidade, a felicidade genuína. A felicidade genuína vem de uma mente tranquila e em paz, equilibrada! Melhor do que nos livrarmos de um objeto que nos produz raiva, seria nos livrarmos da raiva em si, que maravilha! Melhor do que depender de um ser ou objeto sem o qual nossa carência se manifesta, seria se liberar da carência em si. Espetacular! Isso é possível, uma vez que consigamos relaxar um pouco o nosso condicionamento de fixar nossa mente no mundo externo, e descobrirmos o nosso mundo interno.

Gosto muito de uma frase de Einstein onde ele dizia mais ou menos assim: “Essa ciência que nos ajuda tanto nas coisas do dia a dia, nos trazendo tecnologia para facilitar a vida prática, por que esta mesma ciência contribui tão pouco para nossa felicidade num nível mais profundo? Porque não fazemos um uso sensível da mesma.”

Então busquemos aqui um olhar mais profundo do que a física quântica nos diz em relação ao mundo. A física quântica descarta a ideia de um mundo objetivo, existente de forma independente do observador. Ela nos coloca como coconstrutores de nossa realidade, uma vez que ela define como realidade o nosso processo de relação com os fenômenos do universo. Vamos então ao coração da física quântica que é a dualidade onda/partícula. O elétron é uma onda ou uma partícula? A resposta é: depende. Ele não tem uma natureza única, definida. Ele será observado como onda ou como partícula dependendo do experimento que eu monto. Isso traz um nível de interação do observador com o mundo que destrói nossas concepções clássicas sobre o universo estático e cartesiano da física clássica. A física quântica nasce com a ideia do quantum, do pacotinho de energia. Einstein, em 1905, propõe a ideia do fóton, a partícula de luz. As ondas de energia estão também granuladas, viraram partículas, e as partículas conhecidas, como o elétron, também tem o comportamento ondulatório, também são ondas.

A física quântica “virou tudo de cabeça para baixo”, incluiu o observador na história toda, e tirou o aspecto determinístico da realidade (felizmente!).

Abriu-se uma brecha de incerteza por Heisenberg, com seu Princípio, onde o próprio ato de observar altera o que está sendo observado, e nada mais era certeiro e determinístico. Nossas vidas ficaram mais oxigenadas, amplas, com infinitas possibilidades e a felicidade mais perto de nós, na palma de nossas mãos, me arrisco a dizer. Nasce uma nova física! Uma física que introduz o mundo interno, uma vez que o observador passa a ocupar um papel fundamental no experimento montado, pois o ato de medir, ou observar, é que define o que chamamos realidade. Voltamos então aos processos de relação. Uma vez que conheço meu mundo interno, que já silenciei a mente um pouco para observá-lo, descubro alternativas inesperadas, novas, frescas, por onde posso seguir de maneira mais leve e feliz. Portanto, se as coisas saem como preferíamos, maravilhoso! Continuemos buscando o que achamos favorável para nós, mas sabendo que essas escolhas não são nossa única possibilidade de felicidade, são apenas parte de uma gama muito maior de opções, de reinvenções, revitalizações, renascimentos e criatividade sem fim. Nosso mundo interno é rico, e é através dele que registramos as nossas experiências externas, nossas sensações, alegrias e tristezas. Logo, aproveitemos a felicidade de todas as formas, e cultivemos sempre a felicidade genuína, pois esta é a que levaremos através de quaisquer situações que a vida nos trouxer.

Por Eliane Xavier

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