Os universos paralelos e nossos estados emocionais

Poderia nossa consciência saltar quanticamente entre várias linhas de universo, desmembrando nossas vivências em infinitas realidades?

Por Eliane Xavier

Estive assistindo a uma série que ficou bem conhecida, na qual, baseada nas teorias da física moderna, existia um “mundo invertido”, que em termos científicos nada mais seria do que um universo paralelo. No thriller da série, este mundo invertido é um mundo de sombras, habitado por monstros, o qual é acessado por um portal, ou quando um monstro vindo de lá leva alguém consigo de volta. Logo percebemos que essa história fictícia é uma excelente metáfora para nossos estados emocionais, e que todos nós, pode-se dizer, temos o nosso próprio “mundo invertido”, onde habitam nossas sombras, nossos medos, ou seja, nossos monstros.

Nossa mente transita por vários estados emocionais em um único dia.

Podemos atravessar num único dia desde a paisagem de um mundo dos deuses em um extremo, até os próprios infernos, quentes ou gelados, no outro.  Passando também por todos os estados intermediários entre esses dois, simplesmente saltando quanticamente de um para o outro, ou tomando cada um como base para construirmos o outro. Assim vagueia nossa mente.

As situações externas servem de gatilho para nossas emoções, e sem percebermos criamos “bolhas de realidades”, universos paralelos, onde passamos a habitar e a responder automaticamente os acontecimentos que surgem. Não nos damos conta desse processo, e consequentemente as emoções alteram nossa energia, provocam pensamentos repetitivos, e em nossa mente, como numa tela de cinema, surge a projeção de um filme, que pode ter os mais variados enredos.

Na agitação do dia a dia não nos damos conta desta “tela de cinema”, onde o enredo da história é projetado. Apenas “pulamos” para dentro dos pensamentos e do conteúdo da história, como pulamos em barquinhos que nos levam correnteza abaixo em um rio.

A meditação é uma grande porta de saída para todo esse processo.

Podemos treinar nossa mente a silenciar um pouco, e não seguir automaticamente os pensamentos que surgem. É uma prática, um treinamento da mente que deve ter uma continuidade, mas os benefícios com toda a certeza valem muito a pena. Tomar consciência deste espaço vazio, dessa tela em branco, onde as histórias se desenrolam, e experimentar esse estado da mente que está além de nossa barulheira mental habitual.

A teoria dos universos paralelos é muito interessante, pois ela nos mostra que todas as possibilidades podem estar acontecendo ao mesmo tempo, em linhas de universo diferentes, ou seja, não temos uma única opção para nossa realidade. Todas as nossas versões existem, vivendo as mais variadas histórias, então nada se torna impossível. O tema dos universos paralelos surge na Teoria M, que por sua vez vem da Teoria das Cordas. Não sabemos ao certo como essa teoria funciona, mas ela tem um embasamento matemático forte e congruente, que certamente mostra que a ciência está trilhando um caminho promissor nesta área. A teoria prevê vários tipos de universos paralelos e não sabemos ainda ao certo como isso se dá, mas nossa consciência, segundo a teoria, pode saltar quanticamente entre essas várias linhas de universo, desmembrando nossas vivencias em infinitas possibilidades. Hollywood adora este tema e entre os filmes que exploram essa ideia encontramos “Efeito Borboleta” e “Durante a Tormenta”, entre outros, cujos enredos ilustram bem a ideia e suas consequências na vida dos personagens. Mas voltando ao nosso ponto das emoções, podemos ilustrar cada estado emocional por qual passamos, como uma possibilidade de linha de universo, e podemos saltar, temos essa liberdade, de uma linha para outra. Não precisamos encontrar um “buraco de minhoca”, que seria uma brecha, um tipo de túnel ou passagem, no espaço/tempo. Podemos fazer isso de modo sutil, através de nossos estados emocionais de consciência.

Para escolhermos a melhor linha de universo a seguir precisamos treinar a liberdade de nossos condicionamentos, pois são eles que dirigem nossa vida na maior parte do tempo, senão o tempo todo. Mas nossa verdadeira natureza é livre! É ampla, compassiva, amorosa e de pura bem-aventurança. O sofrimento não faz parte dela. Precisamos “apenas” nos livrar dos condicionamentos da mente que nos aprisionam em emoções e comportamentos perturbadores. Tirando o que é artificial e construído pela mente, o que é verdadeiro e primordial já está lá. Este lugar de paz e de refúgio.

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